Desoriginalidade não é de todo mal,
o mau se esconde na incapacidade de
desconstruir prejuízo. Que é bem certo daqueles
que não querem despreconceitualizar .
Não que não veja maldade.
terça-feira, 2 de novembro de 2010
quinta-feira, 21 de outubro de 2010
Agnosticismo
a fortiori, Tudo se resolve.
Posto num esquema liso prato.
Assim pronto, nasce outro.
Questão de ser.
Somam-se teorias,
sobre trabalhar,
sobre não fazer.
Alteridade disfarçada engana,
até mesmo paixão forte, motivo
dos desmotivos.
Resposta é que não
se diz inteiro.
Piano lento que inquiete,
grito que acalme.
Por tudo, o sonho apaixonado
ainda vale. Não vendido ao
descrente e desventurado.
Sermos ser, não obedece
sermão. O que sobra é paixão,
chamada as vezes de sublevação.
Posto num esquema liso prato.
Assim pronto, nasce outro.
Questão de ser.
Somam-se teorias,
sobre trabalhar,
sobre não fazer.
Alteridade disfarçada engana,
até mesmo paixão forte, motivo
dos desmotivos.
Resposta é que não
se diz inteiro.
Piano lento que inquiete,
grito que acalme.
Por tudo, o sonho apaixonado
ainda vale. Não vendido ao
descrente e desventurado.
Sermos ser, não obedece
sermão. O que sobra é paixão,
chamada as vezes de sublevação.
quarta-feira, 20 de outubro de 2010
* sou
A infinita indefinição das coisas
convence o que é você.
Por assim saber
verte a solução silenciosa.
Todos os sorrisos, olhares.
O que está ainda não perde
a incoerência que me faz feliz.
E feliz vou sendo,
enquanto encontrar em você
A loucura de nós,
amizade que elucida o que sou.
convence o que é você.
Por assim saber
verte a solução silenciosa.
Todos os sorrisos, olhares.
O que está ainda não perde
a incoerência que me faz feliz.
E feliz vou sendo,
enquanto encontrar em você
A loucura de nós,
amizade que elucida o que sou.
segunda-feira, 18 de outubro de 2010
Memória
Amar o perdido
deixa confundido
este coração.
Nada pode o olvido
contra o sem sentido
apelo do Não.
As coisas tangíveis
tornam-se insensíveis
à palma da mão.
Mas as coisas findas,
muito mais que lindas,
essas ficarão.
deixa confundido
este coração.
Nada pode o olvido
contra o sem sentido
apelo do Não.
As coisas tangíveis
tornam-se insensíveis
à palma da mão.
Mas as coisas findas,
muito mais que lindas,
essas ficarão.
- Carlos Drummond de Andrade
domingo, 17 de outubro de 2010
Aparição Amorosa
Doce fantasma, porque me visitas
como em outros tempos nossos corpos se visitavam?
como em outros tempos nossos corpos se visitavam?
Tua transparência roça-me a pele, convida
a refazermos carícias impraticáveis: ninguém nunca
um beijo recebeu de rosto consumido.
Mas insistes, doçura. Ouço-te a voz,
mesma voz, mesmo timbre,
mesmas leves sílabas,
e aquele mesmo longo arquejo,
em que te esvaías de prazer,
e nosso final descanso de camurça.
Então, convicto,
ouço teu nome, unica parte de ti que não se dissolve
e continua existindo, puro som
Aperto... o que? a massa de ar em que te converteste
e beijo, beijo intensamente nada.
Amado ser destruído, por que voltas
e és tão real assim tão ilusório?
Já nem distingo mais se és sombra
ou sombra sempre foste, e nossa história
invenção de livro soletrado
sob pestanas sonolentas.
Terei um dia conhecido
teu vero corpo como hoje eu o sei
de enlaçar o vapor como se enlaça
uma idéia platônica no espaço.
O desejo perdura em ti que já não és,
querida ausente, a perseguir-me, suave?
Nunca pensei que os mortos
o mesmo ardor tivessem de outros dias
e no-lo transmitissem com chupadas
de fogo acesso e gelo matizados
Tua visita ardente me consola.
Tua visita ardente me desola.
Tua visita, apenas uma esmola.
- Carlos Drummond de Andrade
quinta-feira, 14 de outubro de 2010
Sentimental
---
Primeiro Reencontro *
A vida pesa o passo;
o passo pesa a vida.
E o peso, que se fosse
[medido,
caberia num sorriso,
[escondido
em só uma prova da
[paixão.
---
Sentimental
Primeiro Reencontro *
A vida pesa o passo;
o passo pesa a vida.
E o peso, que se fosse
[medido,
caberia num sorriso,
[escondido
em só uma prova da
[paixão.
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Sentimental
- Los Hermanos
Unidade
As plantas sofrem como nós sofremos.
Porque não sofreriam
se esta é a chave da unidade do mundo?
A flor sofre, tocada
Por mão inconsciente
Há uma queixa abafada
em sua docilidade.
A pedra é sofrimento
paralítico, eterno.
Não temos nós, animais,
sequer o privilégio de sofrer.
Porque não sofreriam
se esta é a chave da unidade do mundo?
A flor sofre, tocada
Por mão inconsciente
Há uma queixa abafada
em sua docilidade.
A pedra é sofrimento
paralítico, eterno.
Não temos nós, animais,
sequer o privilégio de sofrer.
- Carlos Drummond de Andrade
Re-trato *
Que a partir de agora tenhamos um trato,
Teu coração não palpita sem meu ar
E meu mar não revolta sem teu olhar:
Até que outro assim.
Teu coração não palpita sem meu ar
E meu mar não revolta sem teu olhar:
Até que outro assim.
Risco Final *
Que caia a chuva
A tempestade
Que o céu derrame
E que o céu encharque
Trazendo com a água
A essência da turbulência
Do drama, da paixão
Que rolem as lágrimas
De quem ainda sabe o que é amar:
Viver.
A tempestade
Que o céu derrame
E que o céu encharque
Trazendo com a água
A essência da turbulência
Do drama, da paixão
Que rolem as lágrimas
De quem ainda sabe o que é amar:
Viver.
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